Aprendendo
com Martha Medeiros
Só quem
atravessa ao menos cinco décadas de vida pode entender a bênção que é entrar na
segunda juventude.
Claro que antes é preciso passar pelo purgatório.
Poucos
chegam aos 50 anos sem fazer uma profunda reflexão sobre a finitude, e dá um
frio na barriga, claro.
Amedronta principalmente quem ainda não fez nem metade
do que gostaria de já ter feito a essa altura. Será que vai dar tempo?
Passado o
susto, a resposta: vai.
E se não der, não tem problema.
Você não precisa morrer
colecionando vontades não realizadas.
Troque de vontades e siga em frente sem
ruminar arrependimentos.
Você finalmente atingiu o apogeu da sua juventude: é
livre como nunca foi antes.
Então, não
passe mais nem um dia ao lado de alguém que lhe esnoba, lhe provoca, que não se
importa com seus sentimentos. Pare de inventar razões para manter seus
infortúnios, você já fez sacrifícios suficientes, agora se permita um caminho
mais fácil.
Se ainda dá trela a fantasmas, se ainda pensa
em vingancinhas ordinárias, se ainda não perdoou seus pais e seu passado, se
ainda perde tempo com vaidades e ambições desmedidas, se ainda está preocupado
com o que os outros pensam sobre você, está pedindo: logo, logo virará um caco.
Para
alcançar e merecer a segunda juventude, é preciso se desapegar de todas aquelas
preocupações que havia na primeira.
Quando essa Juventude Parte 2 terminar, não
virá a Juventude Parte 3, mas o fim.
Ou seja, esta é a última e deliciosa
oportunidade de abandonar os rancores, não perder mais tempo com besteiras e
dar adeus à arrogância, à petulância, à agressividade, ou seja, adeus às armas,
aquelas que você usava para se defender contra inimigos imaginários.
Agora
ninguém mais lhe ataca, só o tempo – em vez de brigar contra ele, alie-se a
ele, tome o tempo todo para si.
Eu sei que
você teve problemas, e talvez ainda tenha – muitos.
Eu também tive, talvez não
tão graves, depende da perspectiva que se olha.
Mas isso não pode nos impedir a
graça de sermos joviais como nunca fomos antes.
Lembra
quando você dizia que só gostaria de voltar à adolescência se pudesse ter a
cabeça que tem hoje?
Praticamente está acontecendo.
Essa é a
diferença que tem que ser comemorada.
Na
primeira juventude, tudo vai acontecer.
Na
segunda, está acontecendo.