24 fevereiro, 2020

A Mãe desnecessária....




A mãe desnecessária

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.

Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.

Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.

A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida.

 Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

 Pai e mãe – solidários – criam filhos para serem livres.

Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


Embora esse texto apareça na internet com diversas autorias, a autoria mais provável é da jornalista Márcia Neder.


16 fevereiro, 2020

Coração não é Gaveta !



CORAÇÃO NÃO É GAVETA

Engole o choro. Engole sapo. Cala a boca. Cala o peito.
Mas o corpo fala, e como fala. Fala a ponta dos dedos batendo na mesa. Falam os pés inquietos na cama. Fala a dor de cabeça. Fala a gastrite, o refluxo, a ansiedade. Fala o nó na garganta atravessado. Fala a angústia, fala a ruga na testa. Fala a insônia, o sono demasiado.

Você se cala, mas o falatório interno começa.
As pessoas adoecem porque cultivam e guardam as coisas não digeridas dentro de seus corações. O normal do ser humano seria a comunicação e conseguir dizer o que está sentindo. Mas nem todos se habilitam para esse difícil exercício.

Nem sempre digerimos bem aquelas pequenas coisas, como mensagens mal respondidas, as palavras que machucam...Você finge que não ouviu, engole e tudo isso vai se acumulando até que um dia enche.

 Esses pequenos fatos indigestos percorrem a garganta, entram no estômago, invadem o peito, e se deixarmos, calará nossa boca e nossa paz.

O importante é não deixar acumular ou achar que simplesmente vai aliviar com o passar dos dias. O tempo até tem um papel importante, mas não resolve tudo. Tentar mostrar que tudo sempre está bem requer muita energia, o desgaste emocional é grande.

CORAÇÃO NÃO É GAVETA. Não dá pra engolir tudo e dizer amém!
Eu sei. Também não dá pra sair por ai vomitando as coisas entaladas na garganta. Mas dá pra se expressar.

Tem hora que o sentimento pede pra ser dito, entendido, descodificado, traduzido. Tudo que ele quer é ser exorcizado pela palavra ou pela via que lhe cabe melhor. Expressar tranquiliza a dor.

 Dor não é pra sentir pra sempre. Dor é virgula.

Então faz uma carta, um poema, um livro. Canta uma música. Pega as sapatilhas, sapateia. Faz uma aquarela. Faz uma vida. Faz uma piada, faz texto, faz quadro, faz encontro com amigos. Faz corrida no parque. Fala pro seu analista. Fala pra Deus. Fala para o universo.

Se pinta de artista. Conversa sozinho, papeia com seu cachorro, solta um grito para o céu, mas não se cale.
 Pois "se você engolir tudo o que sente, no final você se afoga."


Text : Ruth Borges