13 abril, 2018

Amanhecer e Entardecer da Existência


Amanhecer e Entardecer da Existência


“O entardecer da vida humana é tão cheio de significação quanto o período da manhã. Só diferem quanto ao sentido e intenção. O homem tem dois tipos de objetivo.

O primeiro é o objetivo natural, a procriação dos filhos e todos os serviços referentes à proteção da prole; para tanto, é necessário ganhar dinheiro e posição social. 

Alcançado esse objetivo, começa a outra fase: a do objetivo cultural. Para atingir o primeiro objetivo, a natureza ajuda; e, além dela, a educação.

Para o segundo objetivo, contamos com pouca ou nenhuma ajuda. Frequentemente reina um falso orgulho que nos faz acreditar que o velho tem que ser como o moço ou, pelo menos fingir que o é, apesar de no íntimo não estar convencido disso.

É por isso que a passagem da fase natural para a fase cultural é tão tremendamente difícil e amarga para tanta gente; agarram-se às ilusões da juventude ou a seus filhos para assim salvar um resquício de juventude. Pode-se notar isso principalmente nas mães que põem nos filhos o único sentido da vida e acreditam cair num abismo sem fundo se tiverem que renunciar a eles.

Não é de admirar que muitas neuroses graves se manifestem no início do outono da vida. É uma espécie de segunda puberdade ou segundo período de ‘impetuosidade’, não raro acompanhado de todos os tumultos da paixão (‘idade perigosa’).

Mas as antigas receitas não servem mais para resolver os problemas que se colocam nessa idade. Tal relógio não permite girar os ponteiros para trás.

O que a juventude encontrou e precisa encontrar fora, o homem no entardecer da vida tem que encontrar dentro de si.”

text : Jung – Psicologia do Inconsciente VII/1 pg 66,67

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