Amanhecer e
Entardecer da Existência
“O entardecer da vida humana é tão cheio de significação quanto o período da manhã. Só diferem quanto ao sentido e intenção. O homem tem dois tipos de objetivo.
O primeiro é o
objetivo natural, a procriação dos filhos e todos os serviços referentes à
proteção da prole; para tanto, é necessário ganhar dinheiro e posição social.
Alcançado esse objetivo, começa a outra fase: a do objetivo cultural. Para
atingir o primeiro objetivo, a natureza ajuda; e, além dela, a educação.
Para o segundo
objetivo, contamos com pouca ou nenhuma ajuda. Frequentemente reina um falso
orgulho que nos faz acreditar que o velho tem que ser como o moço ou, pelo
menos fingir que o é, apesar de no íntimo não estar convencido disso.
É por isso que a
passagem da fase natural para a fase cultural é tão tremendamente difícil e
amarga para tanta gente; agarram-se às ilusões da juventude ou a seus filhos
para assim salvar um resquício de juventude. Pode-se notar isso principalmente
nas mães que põem nos filhos o único sentido da vida e acreditam cair num
abismo sem fundo se tiverem que renunciar a eles.
Não é de admirar
que muitas neuroses graves se manifestem no início do outono da vida. É uma espécie
de segunda puberdade ou segundo período de ‘impetuosidade’, não raro
acompanhado de todos os tumultos da paixão (‘idade perigosa’).
Mas as antigas
receitas não servem mais para resolver os problemas que se colocam nessa idade.
Tal relógio não permite girar os ponteiros para trás.
O que a juventude
encontrou e precisa encontrar fora, o homem no entardecer da vida tem que
encontrar dentro de si.”
text : Jung – Psicologia do Inconsciente VII/1 pg 66,67
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