19 outubro, 2018

Precisamos reaprender a SENTIR.






Precisamos reaprender a SENTIR.


Pensamos demais. Fomos ensinados que esse era o padrão correto e “normal” (seja lá o que isso signifique).
Ser inteligente, na cultura ocidental contemporânea, é saber pensar.

Curioso como aprendemos tão bem a pensar e como nossos pensamentos nos têm colocado diante de situações tão terríveis e constrangedoras (é só observarmos o que tem acontecido com o mundo).

Esse exagero do pensar nos colocou em um estado mental de constante alerta, de acelerado movimento mental, de incessante fluxo de conexões neurais. E isso nos deixa cansados; exaustos, na verdade.

E ansiosos. Muito ansiosos. 

Vivemos preocupados, pensando com o que vai acontecer amanhã, na próxima semana, no próximo mês, nos seguintes anos e nas décadas ainda por vir de nossa existência.

De tanto pensar, nos transformamos em uma sociedade extremamente racional, ansiosa, egoísta, deprimida, combativa, desconectada da natureza e autocentrada.

Aos poucos, esse excesso de pensar, foi também nos desconectando, nos afastando das nossas emoções.
Ensinaram-nos, igualmente, a celebrar algumas e taxar outras como “ruins” ou “más”.

Tristeza, luto, dor, indiferença, mágoa, ressentimento, inveja, raiva, e tantas outras foram rotuladas como “emoções negativas”. Diante desse juízo, avaliamos como inadequados ou indignos esses sentimentos.

Assim, aprendemos a evitar determinadas emoções, já que elas, na maioria das vezes, nos trariam mais problemas que soluções.
Será?

Esquecemos que o órgão que faz pulsar todo o fluxo em nossas veias e que nos mantém vivos é o nosso coração. E é dele que parte nosso sentir. Do centro do peito podemos experimentar as mais diferentes emoções. E todas elas são igualmente legítimas.

Emoção (e-movere), é aquilo que nos move. Se, portanto, não nos permitimos sermos movidos por nossas emoções, nossa tendência é a de virarmos reféns do movimento da mente.
E por que, então, tememos o sentir?

Porque o racionalizamos e julgamos, porque definimos alguns sentimentos como certos e outros como errados, bons e ruins.

Desconectamo-nos da nossa essência puramente sensitiva e daquilo que nos faz mais humanos: nossa incrível capacidade de experimentar, em nossos corpos, um sem-número de sensações.

Quantos de nós nos escondemos atrás de máscaras e rótulos para evitar entrar em contato com o que sentimos?

O retorno à nossa essência vulnerável, amorosa, luminosa, compassiva, intuitiva e gregária passa, necessariamente, pela abertura ao contato direto com o leque de emoções de que somos feitos.

Ao sentir o que habita em mim, aprendo a sentir o outro.
Precisamos, como humanidade, voltar a sentir, individual e coletivamente.

É urgente o chamado de abertura de espaço para escutarmos a sábia voz do coração.
Abro um parêntesis para falar do meu sentir.

Hoje, sinto medo, muito medo.
 Medo do que virá; medo das escolhas que se me apresentam; medo de errar; medo da escassez, medo de toda uma realidade ainda desconhecida para mim; medo de perder o que conquistei.

Sinto medo.
E honro esse medo. Sei que a sua face oposta é o amor. E me permito abrir o peito para experimentá-lo. Sei que a força amorosa que me habita é muito maior do que este medo que hoje tenta me paralisar.

Sei que, honrando tudo o que sinto, posso integrar e transmutar essas energias.
Fechado o parêntesis, faço um convite para que você avalie como anda a sua relação com as suas emoções. Quanto tem se permitido sentir, sem se anestesiar, sem se distrair, sem fugir?

O contato com as nossas emoções pode abrir um mundo de possibilidades em nossas vidas. Ao nos autorizarmos a sentir, entramos em contato com o que de mais sublime existe em nós: nossa vulnerabilidade, nosso amor, nossa essência.

Permita-se. Sinta.

Você perceberá que isso o faz tão humano quanto cada um de nós.


Text : Lara Lobo

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