05 junho, 2022

O Tempo !

 


O Tempo

 

Sou do tempo em que minha rua

Se chamava Jaguaruna

Do tempo em que

só rádio existia.

Tamoio, Nacional do Rio de Janeiro

Guarujá, Diário da Manhã.

Notícias do Repórter Esso, Balança mas não cai.

O Direito de Nascer e de encher.

 

Do tempo em que nada corria ligeiro.

Do tempo da Ângela Maria que dizia:

"Para uma voz que encanta,

Pastilhas Valda na garganta"

e daquele comercial do

 "Melhoral que é melhor e não faz mal".


Do tempo em que as noites eram limpas

E se brincava de contar estrelas.

Porque tinha estrelas "prá" se ver,

e de tanto contar até se perder.


 Dos mágicos vagalumes em noites de luar

e dos sapos a coaxar.

E do amanhecer ouvindo os galos a cantar.

 

Do tempo dos grandes cantores

exímios tenores:

italianos, mexicanos.

Das letras com poesia

românticas havia.

Sem apelos sensuais

e de convites banais.

 

Sou do tempo da Lagoa formosa

"limpinha e cheirosa"

melhor na voz de Neide Maria Rosa.

Do tempo do Mira Mar

e da solitária Ilha do Carvão.


Tudo em vão.

Barca Quatro, Adolfo, Corvina,

Capa Preta, Velha Traça,

e da doce Lurdes da Loteria.


Quanta Graça !


Sou do tempo sim

mas vou chegando

até quando não sei

ou se ainda serei !

 

Text : De Elbe Duarte


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