11 dezembro, 2024

Quando os filhos saem de casa

 


Quando os filhos saem de casa

 

A porta que se fecha, na despedida, não é o fim, mas o começo de um novo tempo para nossos filhos.

O ranger da porta das chegadas e saídas, nas noites da juventude, guarda a lembrança de um lar que foi inteiro, um abrigo onde risos, choros e silêncios se entrelaçaram como raízes profundas.

E agora, quando nossos filhos partem para encontrar seus próprios mundos o vazio que fica é um silêncio que não dói, mas pulsa, como um coração que aprende a bater em novo ritmo.

Os quartos que antes eram mundos habitados por sonos, sonhos e segredos agora respiram uma quietude quase sagrada.

Eles partem com malas cheias de promessas e asas que demoraram anos para crescer.

Levam o cheiro da infância e o som das histórias que foram vividas e contadas.

E ficamos de mãos vazias e olhos marejados, mas o peito transbordando de orgulho e saudade que imediatamente começa.

 Cada filho que vai é como uma semente lançada ao vento, uma parte de nós que flutua, sentindo outros horizontes, e transforma em raiz o que foi uma semente, uma árvore, uma flor.

 E no vazio do ninho, surge um espaço para lembrar, para sonhar de novo, para descobrir os pais que fomos não precisando mais ser o porto seguro, apenas o farol.

 Quando os filhos saem de casa, o amor não se despede; ele aprende a percorrer distâncias, como uma carta escrita no idioma eterno do amor no coração.

 

 

Text : Dr. Luiz Alberto Silveira 

Photo by Helga


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