Quando os filhos saem de casa
A porta que se fecha, na
despedida, não é o fim, mas o começo de um novo tempo para nossos filhos.
O ranger da porta das
chegadas e saídas, nas noites da juventude, guarda a lembrança de um lar que
foi inteiro, um abrigo onde risos, choros e silêncios se entrelaçaram como
raízes profundas.
E agora, quando nossos
filhos partem para encontrar seus próprios mundos o vazio que fica é um
silêncio que não dói, mas pulsa, como um coração que aprende a bater em novo
ritmo.
Os quartos que antes eram
mundos habitados por sonos, sonhos e segredos agora respiram uma quietude quase
sagrada.
Eles partem com malas cheias
de promessas e asas que demoraram anos para crescer.
Levam o cheiro da infância
e o som das histórias que foram vividas e contadas.
E ficamos de mãos vazias e
olhos marejados, mas o peito transbordando de orgulho e saudade que
imediatamente começa.
Cada filho que vai é como uma semente lançada
ao vento, uma parte de nós que flutua, sentindo outros horizontes, e transforma
em raiz o que foi uma semente, uma árvore, uma flor.
E no vazio do ninho, surge um espaço para
lembrar, para sonhar de novo, para descobrir os pais que fomos
não precisando mais ser o porto seguro, apenas o farol.
Quando os filhos saem de casa, o amor não se
despede; ele aprende a percorrer distâncias, como uma carta escrita no idioma
eterno do amor no coração.
Text : Dr. Luiz Alberto
Silveira
Photo by Helga
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