30 outubro, 2020

"Viver dói, se não está doendo você não está vivendo".

 


"Viver dói, se não está doendo você não está vivendo".

 

Dói um pouquinho, não há como evitar.

A vida não vem com um manual de instrução. É preciso viver cada dia com o ônus e o bônus dos erros e acertos. A vida é caminho que segue em frente... sempre! A beleza é amadurecer com sensibilidade sem enrijecer o coração. E crescer, muitas vezes, é um processo doloroso e belo.

Amadurecer é assumir as rédeas da própria vida, não como vítima ou vilão, mas como protagonista da sua história e escolhas.

Não ousar viver os desafios da vida gera imaturidade e comodismo. A felicidade está no caminho e no caminhar e não no final.

Como Kell Smith nos diz em sua música: "É que a gente quer crescer, e quando cresce quer voltar do início. Porque um joelho ralado, dói bem menos que um coração partido." E nosso coração se parte por vários motivos...

Dói um pouco, mas depois passa. Não há como evitar pequenos traumas na vida, não dá para fugir de alguns joelhos ralados, do frio que cortou os lábios, do sol que queimou a pele .

Somos feitos de carne e osso, mas também de remendos, de células que renascem, se restituem e se reinventam.

Nosso coração se quebra às vezes, mas, aos poucos, vai se tornando uma obra de arte mais bela e resistente. Somos um mosaico de porcelana remendado com fios coloridos.

 Nosso olhar, depois de tantos deslizes e tropeços, deixa de ser ingênuo, mas depois, decidimos voltar a sermos sensíveis para poder saborear bem a vida.

Nessa fase a gente se torna sábio, somamos a alegria de viver e a bondade com a firmeza nos passos.

Imergimos na vida sem tantas máscaras e amarras, com intenções verdadeiras, mas filtrando o que não nos acrescenta, o que limita os voos mais altos.

Olhamos com doçura, já não evitamos quedas, não queremos viver numa bolha que nos surrupia a própria vida, já sabemos nos cuidar sozinhos. Respiramos fundo, temos paciência com o tempo de cicatrização de uma ferida, tropeçamos e levantamos de imediato, limpando a poeira do corpo e seguindo em frente.

Já não temos mais medo de nos machucar, temos medo de tornar a vida menor do que poderia ser.

Para aprendermos a andar de bicicleta sem rodinhas, caímos algumas vezes, nos esfolamos, choramos, mas depois, podemos voar, sermos livres e descobrirmos o mundo, o nosso mundo.

Ficam marcas na pele, emendas nos ossos, cicatrizes nos músculos. Ficam histórias na memória, aventuras e aprendizados. Fica coragem, amor e gratidão no nosso coração.

É melhor que doam um pouco alguns desses nossos passos e tropeços, é melhor que, por vezes, armemos nossa alma sobre um formigueiro, para em seguida, fecharmos o acampamento e irmos embora encontrar uma paragem em que a nossa alma possa ficar um pouco mais e se perder na imensidão de si mesma.

É melhor que erremos para depois acertar, é melhor que experimentemos antes de evitar, é melhor que amemos antes de nos transformarmos num autômato que passa pela vida sem se sujar.

Esquecemos de ser leves e nos tornamos pesados a nós mesmos e ao outro. A liquidez dos tempos atuais e das relações tão efêmeras provocam uma nostalgia do passado.

 Muitas vezes criamos expectativas em relação às pessoas, e elas nem imaginam que as temos. Nós mesmos não seríamos capazes de vivê-las. Transferimos a responsabilidade pelas nossas frustrações às pessoas.

Dói um pouco, mas depois passa.

"Viver dói, se não está doendo você não está vivendo".

Text : Carpinejar

Photo by Helga : Candy 


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